segunda-feira, abril 8

A mulher na Sociedade


A MULHER: Parte 3 de 3


Muito recentemente, a propaganda de televisão de uma grande marca mundial de automóveis tentava vender seu produto ilustrando a mudança do papel social da mulher. Uma jovem com trajes de executiva chegava em casa após um dia de trabalho e cumprimentava seu marido, o qual estava ocupado preparando a refeição da família. Para surpresa desse homem, que ‘’ comandava ‘’ a cozinha e cuidava de suas filhas, sua esposa o presentearia com um carro novo. A partir dessa cena, rapidamente aqui descrita, pode surgir a seguinte pergunta: esse comercial faria sentido décadas atrás? Certamente que não. Contudo, essa resposta carece de uma explicação menos simplista, e requer uma maior compreensão do que se chama de questões de gênero e papeis sociais.
As diferenças sexuais sempre foram valorizadas ao longo dos séculos pelos mais diferentes povos em todo o mundo. Algumas culturas – como a ocidental – associaram a figura feminina ao pecado e á corrupção do homem , como pode ser visto na tradição judaico-cristã. Da mesma forma, a figura feminina foi também associada á ideia de uma fragilidade maior que a colocasse em uma situação de total dependência da figura masculina, seja do pai, do irmão ou do Mario, dando origem aos modelos de uma cultura patriarca lista e machista. Assim, esse modelo sugeria a tutela constante das mulheres ao longo de suas vidas pelos homens, antes e depois do matrimonio.
Aliás, o casamento enquanto ritual marcaria a origem de uma nova família na qual a mulher assumira o papel de mãe, passando das ‘’mãos’’ de seu pai para as de seu noivo, como se vê no ato de cerimônia.
 Mas como aqui já se abordou, se as noções de feminilidade e masculinidade podem mudar o longo da historia conforme as transformações sócias ocorridas, isto foi o que aconteceu na cultura ocidental, berço do modo capitalista de produção. Com o surgimento da sociedade industrial, a mulher assume uma posição como operária nas fabricas e industrias, deixando o espaço domestico como único local de seu trabalho diário. Se outrora a mulher deveria apenas servi o marido e aos filhos nos afazeres domésticos, ou apenas se limitando ás tarefas no campo no caso das camponesas européias, a Revolução Industrial traria uma nova realidade econômica que a levaria ao trabalho junto ás maquina de tear. Obviamente, não foram poucos os problemas enfrentados pelas mulheres, principalmente ao se considerar o contexto hostil de um regime de trabalho exaustivo no inicio do processo de industrialização e formação dos grandes centros urbanos.
Após um longo período de opressão e discriminação, passagem do século XIX para o XX ficou marcada pelo recrudescimento do movimento feminista, o qual ganharia voz e representatividade política mais tarde em todo o mundo na luta pelos direitos das mulheres, dentre eles o direito ao voto. Essa luta pela cidadania não seria fácil, arrastando-se por anos. Prova disso esta no fato de que a participação do voto feminista é um fenômeno também recente para a historia do Brasil. Embora a proclamação da República tenha ocorrido em 1889, foi apenas em 1932 que as mulheres brasileiras puderam votar efetivamente. Esta restrição ao voto e á participação feminina no Brasil seriam consequência do predomínio de uma organização social patriarcal, na qual a figura feminina estava em segundo plano. Mesmo com alguns avanços, ainda no início da segunda metade do século Xx, as mulheres sofriam as consequências do preconceito e dos status de inferioridade. Aquele modelo de avental e com bobs nos cabelos, no meio da cozinha, envolta por liquidificador, batedeira, fogão, entre outros utensílios domésticos. Seria apenas no transcorrer das décadas de 50, 60 e 70 que o mundo assistiria mudanças fundamentais no papel social da mulher, mudanças estas significativas para os dias de hoje. O movimento contracultural encabeçado por jovens (a exemplo do movimento Hippie) transgressores dos padrões culturais ocidentais outrora predominantes defendiam uma revolução e libertação sexual, quebrando tabus para o sexo feminino, não apenas em relação á sexualidade, mas também no que dizia respeito ao divórcio. 
      Hoje as mulheres não ficam apenas restritas ao lar (como donas de casa), mas comandam escolas, universidades, empresas, cidades e, até mesmos, países, a exemplo da presidenta Dilma Roussef mulher a assumir o cargo mais importante da República. Dessa forma, se por um lado a inversão dos papeis sociais ilustrada pela campanha publicitária (citada no inicio do texto) de um automóvel esta em dissonância com um passado não tão distante, por outro lado mostra sinais de um novo tempo que já se iniciou. Contudo, avanços á parte, é preciso que se diga que as questões de gênero no Brasil e no mundo devem sempre estar na pauta das discussões da sociedade civil e do Estado, dadas a importância das defesas dos direitos e da igualdade entre os indivíduos na construção de um mundo mais justo.


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